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Hendson foi o 1º candidato a Mister Brasil com prótese

Hendson Baltazar viu sua vida mudar radicalmente há seis anos. Conheça a jornada deste cearense

02/12/2020Tempo de leitura: 4 mins

Redação Por: Redação

Hendson Baltazar é modelo, técnico em radiologia, professor universitário e educador físico. E também foi o primeiro deficiente físico com prótese a concorrer ao famoso Mister Brasil – após um grave acidente de moto, ele teve o pé esquerdo amputado. A seguir, o próprio Hendson narra a sequência de desafios e realizações que aconteceram em sua vida.

O antes

“Sou natural de Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza (CE). Nasci de um laço de amor muito forte: meus pais, hoje casados há 40 anos, tiveram três filhos – sou o do meio. Minha infância foi muito proveitosa, eu brincava, ia à escola, à igreja. Sou bastante religioso até hoje.

Entrei na faculdade de Educação Física aos 20 anos. Eu já era radiologista e gostava bastante da área de saúde. Os esportes eram uma paixão, eu curtia malhar e jogar futebol. Inclusive, já fui atleta profissional. Mas, ingressei na faculdade pensando em me tornar professor de escola. Comecei a fazer estágio em uma academia e tudo estava caminhando bem. Então, aconteceu o acidente. 

O acidente de moto

Foi em 2014. Um jovem embriagado invadiu a pista preferencial. Nós dóis estávamos de moto e colidimos. Dizem que fui arremessado a um quarteirão de distância, apesar de eu não me lembrar de absolutamente nada. O quadro não era simples: uma fratura exposta no pé esquerdo, uma lesão no joelho, mandíbula e maxilar quebrados. Só fui acordar dali a dez dias, depois de um coma induzido.

Quando finalmente acordei, já não tinha mais meu pé esquerdo. Sofri uma amputação. Por mais incrível que pareça, não me assustei. Durante o coma, tive um pesadelo muito realista em que eu perdia, justamente, o pé. Depois, pesquisando sobre o assunto, li que os médicos, geralmente, conversam com o paciente antes de realizar um procedimento tão drástico, mesmo que ele esteja desacordado. A gente deve assimilar isso de alguma forma, né? Se você está se perguntando se eu chorei diante da situação, digo que não. Na verdade, senti revolta. Não entendia por que motivo haviam feito aquilo comigo.

Foram três meses acamado. Depois de mais algum tempo, regressei à faculdade e fui bem recepcionado. O impacto para meus colegas e professores também foi grande, afinal, eu saí de um jeito e voltei de outro. Para compensar a ausência e me formar com a minha turma, eu frequentava as aulas em dois turnos, de manhã e à noite. Eu ia estudar usando muletas pois não havia me adaptado à prótese.

A prótese

Sempre fui um cara vaidoso e, após o término da faculdade, comecei a cuidar mais de mim. A amputação acabou me limitando na hora de me arrumar, não eram todas as calças e sapatos que me vestiam bem.

À essa altura, também decidi me especializar para dar aulas em universidades. Achei que meus dias como educador físico em sala de academia tinham acabado. Como eu iria dar aulas de musculação na minha nova condição? Mergulhei na tarefa de ser professor universitário e lecionei algumas disciplinas, como fisiologia do exercício. Foi nessa fase que conquistei minha prótese! Passei por nada menos que 11 cirurgias no total.

Depois que calcei a prótese, comecei a andar e a me cuidar. Fazia direitinho, alimentação equilibrada, treino e descanso. Com isso, chamei a atenção de alguns olheiros e fui convidado para participar de concursos de beleza. No primeiro momento, não aceitei o convite, mas minha família me incentivou. Gosto de desafio, sabe? Eu quero estar onde parece impossível de chegar. E assim cheguei à disputa de Mister Ceará 2019. Foram seis meses de preparação e um terceiro lugar na competição. Tenho orgulho em dizer que sou o primeiro candidato de prótese a participar de um concurso de beleza no Brasil.

Professor da Smart Fit e candidato a Mister Brasil

Em junho de 2019, eu já era aluno da Smart Fit de Maracanaú há um tempo e as pessoas sabiam que eu era professor de educação física. Me ofereceram uma oportunidade de voltar à sala da academia como instrutor e deu certo. Posso dizer que a minha presença ali motiva as pessoas a frequentarem o espaço, sem inventar desculpas. Também tenho alunos deficientes físicos e auditivos – estou aprendendo libras para me comunicar melhor com eles. 

Devido à pandemia, o Mister Ceará 2020 não aconteceu. A coordenação estadual do concurso me concedeu o título, por tudo o que eu já havia conquistado. Não levei o título de Mister Brasil 2020, mas fui eleito Manhunt Brasil 2021. Posso encher o peito para dizer que também sou o primeiro deficiente físico a representar o Brasil em um concurso do Grand Slam (os 5 principais do circuito masculino mundial).

Sou uma pessoa muito privilegiada em todos os aspectos. Quando eu mais precisei, pude contar com o amor da minha família e dos meus amigos. O amor é algo revolucionário: faz com que você levante a cabeça e siga em frente. Mas muitas pessoas não têm esse apoio. Meu sofrimento não é maior que o das outras pessoas. Mas estou aqui para mostrar que qualquer sofrimento pode ser superado. Eu superei o meu e convido as outras pessoas a superarem os delas”.

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